Kiss. A ideia era simples, preservar algum silêncio e, através dele, garantir a harmonia da circunstância. Ele não falaria sobre Edward Hopper ou as cabeças de Francis Bacon, o outro não falaria sobre João César das Neves ou João César Monteiro. Ele não invocaria Wittgenstein, o outro não mencionaria Casares ou Sebald. Ele não dissertaria sobre Mandrake, o outro escusar-se-ia a qualquer análise do carácter ou da personalidade do
mister Mourinho. Ele não colocaria perguntas estranhas,
em que é que isso é diferente de um cão e de uma pedra?, o outro não sugeriria a necessidade de um ângulo sociológico para decifrar o último filme de Verhoeven,
Zwartboek. Ele calar-se-ia sobre Artaud, vozes e consequências do suicídio, o outro não aludiria a deus ou a Carice van Houten.
Segismundo.