Crónica de uma vida et cætera, ii. Ela disse, sabes?, os olhos marcam o engano. O movimento delicado, o deslize suave, a escusa encenada, todas estas manobras não iludem a mentira. Olhos nos olhos, ela aí está, demasiado presente, a mostrar-se. Um segredo, a mesma traição. Uma necessidade não avisada, o mesmo erro. Não falha a emoção. Também não falha a omissão, o engano. Que fazer?, esta é a pergunta que não te coloco, que não posso colocar-te, porque não é possível exigir-te lealdade. Ninguém nasceu para ser leal. Para além disso, sabes?, olhos nos olhos, não enganas, enganas-te. A perfídia é a consequência desse facto. E não são as lágrimas, as tuas ou as minhas, que a lavam. O Marquês.