O avesso do avesso do regime. Provavelmente por preconceito ou sensibilidade equívoca, não poucas almas admitem e julgam a corrupção como um morbo do regime pátrio. No entanto, convém não iludir tanto a hipótese quanto a probabilidade elevada de a corrupção ter subsidiado a estabilização e a consolidação desse regime. Não apenas através do financiamento das falanges políticas da nova ordem, mas também através da conformação administrativa dos valores e da matriz de práticas e conveniências das forças animadas dessa instância nebulosa chamada sociedade civil. Na prática, foi o resultado do encontro entre um lastro cultural e um programa político emergente, um e outro populares. Que, em Portugal, são o que é a democracia possível. É por isso que, por cá, a corrupção, se for mal, é um mal genético da democracia. Pelo que, esta é a graça maior da circunstância, pretender combater a corrupção é pretender combater os fundamentos da democracia também. Nicky Florentino.