La vie en rose. Circunstâncias há em que o que se abandonou num momento anterior recupera contra o atraso e atinge-nos com inclemência. Diz-se então que a puta da vida, sob a forma de azar, persegue-nos. Pode ser. Mas em alguns casos, como um boomerang, o que nos atinge é apenas o custo diferido e actualizado da cobardia não resolvida antes. Pelo que, no instante do impacto do que voltou do passado sobre nós, somos o erstaz do que fomos, mais fracos, surpreendidos, desprevenidos, apanhados. É que os espectros que nos perseguem não ressuscitam. Alcançam-nos outra vez, isso é que é. Fodem-nos de um modo que já não estamos acostumados. O que, no limite, configura sobretudo um problema de hábito. E de memória. Segismundo.