Acácia, meu amor # xxi. A estação das chuvas perturba-me, do mesmo modo que perturba o mais que é na savana. Mas perturba-me com outro método, não pelo sobressalto, mas pelo recolhimento. A chuva serena a brasa, lava-a, abafa os ruídos, inunda os chãos. O nosso lugar é o mesmo, porém transformado. É o mesmo, o continente que nos é íntimo, mas molhado. A maior diferença reside no facto de, sob tais condições meteorológicas, ninguém correr. Eu sou um exemplo dessa metamorfose. Em mim, o que é necessidade adormece. Acompanho a chuva, a sua trajectória, guardado em ti, meu amor. O mais que faço é esperar, não de esperança, simplesmente de espera, que é uma das manobras que executo melhor. Nenhuma chuva é eterna. Por isso, sei que, depois da perturbação, tornará o regime dos hábitos e das necessidades. Regressar-me-á a fome. E não demorará que eu volte às corridas. Por ora olho as gotas de água a precipitarem-se sobre a tua pele, sobre a minha pele, sobre as nossas peles, a fronteira dos nossos corpos, pela qual se prometem e encontram um ao outro, um para o outro. Eliz B.