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Albergue dos danados

Blog de maus e mal-dizer 

2007-01-05


Psique strip. Não sei, mas houve um motivo certamente. Sei lá qual, um motivo qualquer. Talvez tenha sido por causa do tempo. Ou por causa da face dela e dos seus cabelos negros e lisos suspensos sobre os ombros. Ou por causa de algo que deus tenha escrito na sebenta dos destinos. Sinceramente, não sei. Não recordo. Não consigo recordar. O que sei é que foi à noite, isso eu sei. Lembro-me da lua, impressa no fundo celeste tenebroso. Recordo as sombras que se desenhavam na face dela. Recordo também o brilho dos seus cabelos. Depois começou a soar uma composição de György Kurtág sobre um fragmento avulso de Kafka. Leoparden brechen in den Tempel ein und saufen die Opferkrüge leer. Fiquei excitado, não sei porquê. As minhas mãos foram tomadas por um frenesi. Como que lhes assomou a loucura. Soltei-as. Não queriam sentir-se presas. Dei-lhes a liberdade que exigiam. Elas queriam ser livres, ficaram livres. das wiederholt sich immer wieder. Desconheço, depois, o que tenha acontecido. Sim, o meu corpo estava lá, mas eu ausentei-me. Não fui eu que lá fiquei. Foi uma parte minha. Não sei como é que aconteceu. Essa separação nunca me tinha acontecido antes, tal como nunca me aconteceu depois. Dizem que foram as minhas mãos, as minhas mãos. Estas, olha, estas. As minhas mãos. Não fui eu, foram as minhas mãos. schließlich kann man es vorausberechnen, und es wird ein Teil der Zeremonie. Se não fui eu, onde é que eu errei? Deveria ter sido eu?, é isso? Não posso confessar o que não é confessável, não é? Espera. Sei lá. Talvez tenha sido por causa de uma conjugação estranha dos astros. Há quem admita isso, zodíacos, signos. Talvez o sofrimento dela estivesse inscrito nas estrelas e nas órbitas dos planetas. Talvez ela tivesse mesmo que sofrer, que ser supliciada e sacrificada. É o que acontece aos carneiros. Ela era carneiro. Eu não sou anjo. As minhas mãos não são mãos de anjo da guarda. Eu não tenho asas. Não sei voar. Se não fui eu, qual é a minha culpa?, a culpa das minhas mãos? Não. Ouve, ouve-me. Não, já disse, não sei. Como é que eu me chamo? Sim, sei qual é o meu nome, mas o meu nome é necessário para quê? Foram as minhas mãos, as minhas mãos. Nunca as baptizei. Será que foi por causa disso? Também pode ter sido por causa da solidão, das solidões dela e minha. As minhas mãos não estão acostumadas a outras mãos. Não distinguem as carnes. O Marquês.


2003/2024 - danados (personagens compostas e sofridas por © Sérgio Faria).