Acédia. Todos os dias ele assenta a mesma confissão, a culpa pertence-me, o tempo não. Todos os dias, não dia sim, dia não, não um dia qualquer ou um dia de vez em quando, não. Todos os dias, exactamente todos os dias, como se fosse uma obsessão, ele assenta a tal culpa. Todos os dias. Tantos que, agora, embora continue a assentar, o assento já não é confissão. É memória, confronto diário, reflexo, repetição, confirmação da demora, acusação de si a si. Culpa, apenas culpa. Segismundo.