Natal mas é o caralho! A identidade é um dos desafios que define um gajo que se esforça para ser liberal old fashion. Na prática, significa isto que quem é livre confronta-se com os seus limites. Ora aqui surge um problema. Um gajo, criatura como qualquer outra, tem que (con)viver consigo, sendo que é o produto de uma vontade ou de um acidente a que é alheio. A senhora sua mãezinha e o senhor seu pai conceberam-no e, por isso, é por determinação estranha que um gajo é neste mundo. O seu limite primordial, portanto, é um limite contingente, não determinado ou passível de controlo por si. Um gajo é obrigado à vida por outros. E é após e sobre tal obrigação que é possível a liberdade. Óquei. Mas em que medida é que a posteriori é possível implicar os respectivos progenitores e a porra do Estado?, rogando-lhes uma indemnização por danos morais. Não é que, em concreto, ele tenha motivos de queixa da senhora sua mãezinha e do senhor seu pai. Mas se o pariram e criaram em Portugal, sem que ele tenha a mínima responsabilidade no caso, alguém deveria pagar. Ele, claro, é uma vítima. Tanto que, ultrapassada a franquia dos dezoito anos, sequer lhe reconhecem o direito ao suicídio. Segismundo.