Finisterræ. Desta terra que cheira a mar, aqui, somos náufragos. Também aqui já ninguém clama «mãos ao alto!» porque, sabe-se, levantar os braços é uma manobra desnecessária. O futuro aproxima-se e, como grilheta, apropria-se de nós, cativa-nos. O futuro, não o fim. É que agora já não há fim. E por não haver fim - e porque, antes, o fim conferia-nos sentido - também não há tragédia. Eternos, sem fim, em looping e até à náusea, somos obrigados ao regime da comédia. Nesta circunstância, a única esquiva possível à condição de farsante é o riso de fundamento irónico. É que, quando e enquanto não há fim, apenas mordendo-nos podemos encontrar um sentido. Ou seja, um princípio e um fim na e para a mesma carne. Segismundo.