Estação natal. O sonho do comboio. A falta de legendas. O frio conscrito, associado ao corpo. A paisagem vaga, apagada pela velocidade. O destino incerto. O espírito a escorrer, folgado e delicado. O cuidado com o que se diz, não se pode dizer caralho com o sentido e a frequência habituais. A impressão anónima. O espelho quieto. O frio, ainda o frio. O corpo mais exacto. A cerimónia, a convenção. O spray para os grafitos. O fio de sangue derramado desde a narina. A encenação, a dissolução. Ainda dentro do sonho do comboio uma discussão. Que não é, não pode ser, o Super-Homem. Que não é, não pode ser, o Homem-Aranha. Não é, não pode ser, o Pai Natal. Que é apenas um foco vermelho cujo movimento é sugerido pela dinâmica do comboio. O sonho do comboio. O cheiro dos sonhos, o doce cheiro dos sonhos. As mãos vagas, arrefecidas. A memória de quando índio, a memória de quando gangster. O lume apagado. A fartura sobre a mesa. Recordações sobre recordações sobre recordações. A esquina. A esquiva. O sonho do comboio. O sono. Segismundo.