Translação. Escuta-se uma voz. Para começar é mais fácil. Há vozes que nos conduzem e levam, quase atordoam o caminho e, através de si, a distância. Depois, pelo absurdo que toda a curiosidade contém, procura-se a face dessa voz. Muitas vezes acontece uma espécie de assombro, de inquietude. A aquela voz não deveria corresponder aquela face. E, por fim, não é possível evitar a sensação de engano e uma pergunta, «quem és tu?». Antes da habituação, os outros nunca são quem queremos e como desejamos. Justamente porque são anteriores ao que, em nós, é expectativa ou reflexo. Ainda bem. O mundo continua. Segismundo.