O regime das coisas difíceis. Pode insistir-se, é verdade. Mas em quê é que isso altera a verdade?, em quê é que isso altera as coisas? , em quê é que isso altera o domínio? A luz é que se projecta a uma velocidade infrene. Nós, gente, podemos demorar e errar. Podemos ir mais devagar, sem pressa. Temos essa prerrogativa e essa necessidade. Não por acaso, a confiança é uma infusão lenta. Pelo que, antes de sermos infectados pela urgência, em nós o tempo é autêntico e não um simulacro de si mesmo. Apenas quando o tempo se torna exterior a nós é que começamos a viver a sensação de atraso. E a perder o gozo de sentir o vibrato da vertigem, do corpo contra o horizonte. Pela aceleração da plataforma que nos referencia os actos e os passos, o tempo transforma-se na esfera que nos encarcera. Deixamos de caminhar, passamos a ser levados numa espécie de tapete rolante. Mesmo quando paramos, somos arrastados. Daí que, enquanto houver disposição, o riso seja o catalisador mais eficaz e eficiente da resistência e o diferenciador em relação aos apressados. É rir ou sair. Não há saída, porém. Segismundo.