Inquietação, inquietação. A criança era irrequieta, caminhava para e por todo o lado, mexia em tudo, falava demais. Ninguém conseguia ter mão no fedelho, tive que tomar providências, não é? Por estar recorrentemente a ser perturbado e desejar sossego, o pai decidiu cortar um dedo ao cachopo. Dado essa intervenção não ter surtido o efeito pretendido, uma vez que o infante permanecia frenético, tagarelando, revolvendo tudo e andando casa além, a consequência foi o crescendo do reparo pedagógico, consoante a necessidade percebida. Depois do dedo, foi-lhe cortada uma mão. Depois da mão, foi-lhe cortado um braço. Depois do braço, foi-lhe cortada uma perna. O problema foi que, depois de cortada a perna, embora tenha acalmado, o puto ficou incapaz e excessivamente carente. Pelo que o período de sossego paternal - que antes o pai ainda conseguia - passou a ser consumido pelos cuidados e afectos que a nova condição do cachopo exigia. O Marquês.