Ground zero. Neste tugúrio, o famigerado argumento está classificado como pontapé de Kant. Cite-se. “Há apenas um Deus e há apenas um argumento por meio do qual é possível compreender a sua existência com a percepção daquela necessidade que aniquila, em absoluto, toda a oposição; um juízo ao qual mesmo a natureza do objecto poderia imediatamente conduzir. Todas as outras coisas que são, quaisquer que sejam, poderiam também não ser. Por conseguinte, a experiência de coisas contingente não pode fornecer nenhum argumento que sirva conhecer a partir daí a existência daquilo que é impossível que não seja. É apenas no facto de a negação da existência divina ser, completamente, nada que reside a diferença entre a sua existência e a das outras coisas. A possibilidade interna, a essência das coisas, são apenas aquilo cuja supressão extermina todo o pensável. Nisto, por conseguinte, consistirá a nota própria da existência do ser de todos os seres. Procurai nisto a comprovação e, se pensais não a poder encontrar, então retirai-vos deste atalho impraticável para a grande estrada real da razão humana. É totalmente necessário que nos convençamos da existência de Deus; mas não é assim tão necessário que a demonstremos” (in Kant, Immanuel (1763, 2004), O Único Argumento Possível para uma Demonstração da Existência de Deus, Lisboa, Imprensa Nacional – Casa da Moeda, p. 156). Esta última frase é de tal modo categórica e ecuménica que há quem, embora súbdito de outro livro, a assente de modo semelhante. O motivo, esse, as setenta virgens à espera no paraíso, porém é diferente. Porque o que releva em um e outro casos não é tanto a plausibilidade da existência de deus ou das setentas virgens à espera no paraíso, mas sobretudo a necessidade de. De, que se foda, qualquer coisa. Qualquer coisa que. Segismundo.