Das maravilhas modernas. Marx julgava que a miséria seria a antecâmara da salvação. Enfiados até ao último cabelo em indigência, os miseráveis viveriam sob condições de vida de tal modo pungentes que, muitos e saturados da própria desgraça, um dia olhar-se-iam ao espelho, não gostariam do que estavam a ver e, como consequência, erguer-se-iam em turba revolucionária e, com clamor, refundariam os fundamentos da ordem gregária. O roteiro, reconheça-se, é plácido e fundado em boas intenções. Mas nunca se concretizou como estimado pelo Karlitos. Aliás, a resiliência do processo capitalista é tanta que consegue nutrir-se das suas próprias contradições. Chega ao cúmulo de ser através de expedientes capitalistas que se acode às desditas causadas pelo processo capitalista. Há lá maravilha maior? Nicky Florentino.