®. Chegado a determinado momento da sua carreira de supliciador, entendeu que necessitava de um estilo, de uma marca de água. Para si, o acto de magoar era fulgurante, mas, como não se inscrevia suficientemente na memória, na sua ou na dos outros, esgotava-se rapidamente o gozo decorrente de tal acto. Obviamente que as vítimas teriam dificuldade em esquecer-se do que haviam padecido sob os seus tratos. Isso, porém, não lhe era suficiente. Ele necessitava que outros, os outros, lhe reconhecessem a obra. Necessitava, portanto, de dar publicidade aos seus casos. A melhor forma que encontrou para cumprir o seu intento obedecia a uma lógica. A cada vítima cortaria um dedo da mão. Depois de dez dedos cortados, à décima primeira vítima cortaria uma mão. Depois de dez mãos cortadas, à centésima décima primeira vítima cortaria um braço. Depois de dez braços cortados, a milésima centésima décima primeira vítima seria degolada. Embora pacientemente gizado, o plano não surtiu o efeito desejado. O Marquês.