A sagração sobre a grei. Portugal profundo, Portugal superficial. Lengalenga tipo bic laranja, bic cristal. Sugere-se que o Portugal profundo é mais autêntico, onde o calor é maior, o frio também. Onde a paisagem é bucólica e rústica, terra e mais terra, floresta e mais floresta, serranias, planaltos, planícies, baixa densidade corporal. Próximo dos homens há animais, muitos, soltos. Sugere-se que o Portugal superficial é incaracterístico, modo bolsas de civilização indiferenciadas. O Portugal superficial não é agrário, é urbano, depressivo, asfalto e betão, acelerado, plural, com mais cores e sons, a maior parte resultantes de artifício. Aí a densidade corporal é maior e os animais são menos, pelo menos na sua variedade, e fechados. Julga-se que o ciclo solar regula os processos no Portugal profundo. No Portugal superficial é sempre luz, a noite confunde-se com a manhã e a tarde. É por isso que Portugal, enquanto Portugal, não existe e, pela sensação, acontece como um pêndulo sobre nenhum chão exacto. A emigração, se deus insistir em não querer e o suicídio falhar, é a salvação. Segismundo.