Na paisagem. Embora se saiba que o fim do mundo é «o fim do mundo», a província não se sabe bem o que é. Claro que, enquanto expressão de capitalidade ou cinismo urbano, «província» é um conceito estúpido. Lisboa é Portugal e, portanto, a portugalidade também se sente aí. Mas é claro também que há diferenças entre Lisboa e o resto dos lugares do país. Diferenças de escala, mas não só. Como é óbvio, tudo isto é suportado por evidência empírica e pode ser convenientemente incrustado nos roteiros cognitivo e moral de qualquer criatura. O problema é que, às vezes, esta ordem é desafiada por factos, com consequências significativas ao nível da tranquilidade ontológica associada a tais roteiros. E o problema é maior porque tais factos não são factos monumentais ou vitais, mas factos anódinos, menores. Tipo a incapacidade de começar a projecção de um filme à hora estabelecida e tipo, na circunstância, durante a exibição da película, ser e estar cercado por uma fauna clamorosa. O que significa que, quando estamos mal habituado, a província faz-nos acontecer vítimas e, por conseguinte, o conceito «província» é adequado a reportar o que é causa dessa vitimização. Segismundo.