Cinco casos vistos ontem no écran. Caso i. O senhor Prof. Doutor Manuel Maria Carrilho não gemeu. Insistiu no que escreveu em Sob o Signo da Verdade e, portanto, através do corpo e da voz redundou em si. Para além disso, fatal, não se viu a senhora sua esposa, provavelmente porque o canal teelvisivo que transmitia aquela espécie de debate era um canal da concorrência. Em suma, o senhor Prof. Doutor Manuel Maria Carrilho consumou-se. Caso ii. Do senhor jornalista Emídio Rangel recorde-se o edificante episódio do berbequim. Desde aí não há como conseguir vislumbrar o fulano em pose ou discurso virginal, contra a matilha que ele diz e que, caso haja amnésia convém recordar, outrora nutriu até à saciedade, facto que lhe valeu tanto o lustre quanto a púrpura. Venceu então, mas não é possível eternizar uma vitória. Ao lado do insigne senhor Prof. Doutor Manuel Maria Carrilho encarnou a condição de derrotado que lhe competia, ao mesmo tempo que fazia transparecer o desejo de desforra, como quem trauteia ó tempo volta para trás. Porém, da desgraça não se desapega. Dizem que é moda do momento, veio nos jornais e tudo, meninas estreadas submeterem-se a uma intervenção que as devolve ao estatuto de primícias. O caso é que, em última instância, saber isso implica meter lá o dedo. E, portanto, o senhor jornalista Emídio Rangel até pode ser isso, mas para atestar seria necessário enfiar lá, no sítio, o dígito para verificar se sim ou se não. Como isso seria manobra que obriga ao emprego de nojo, ninguém está para isso. Pelo que terá a criatura de subsistir com a fama de antigamente, a sua. Ou seja, enquanto virgem na missão jornalística o fulano não convence. Caso iii. O senhor jornalista Ricardo Costa também não parece ser flor que mereça ser cheirada. Ontem, na televisão, jogou-se sobretudo como homem, não tanto como jornalista. Como homem bateu-se com o senhor Prof. Doutor Manuel Maria Carrilho e com o senhor jornalista Emídio Rangel. Como jornalista mostrou o que alguns jornalistas são, homens como os outros, o senhor Prof. Doutor Manuel Maria Carrilho ou o senhor jornalista Emídio Rangel, etc. e tal. Por conseguinte, quem não quiser ser enganado, é preferível que não o compre por virgem, mesmo que ele seja. Caso iv. O José é caso aparte. Notou-se que queria ser diferente. Tentou, esforçou-se. O problema é que lá dentro é lá dentro. E na jaula o José também não se saiu bem. Porque, do que parece, é de si ser solto e para além da caixa apertada em que se meteu. Neste pormenor, ninguém o mandou enfiar-se naquela arena de conversas. Se queria ser diferente, que ficasse de fora. Caso v. Embora da casa, tipo dominatrix do show, a senhora jornalista Fátima Campos Ferreira comportou-se como habitualmente, ao nível de patroa de taberna rústica. Isto não pretende ser ofensa, é apenas um exercício de caracterização por via de recurso a analogia. Para compreender este caso inefável, só mesmo vendo. Nicky Florentino.