Rumos de quem ri. Ele disse, eu sou assim e recomendo, ao fundo, virar à esquerda, o lado do coração, e dispensar as maiúsculas que não estejam em nome de gente ou imediatamente após um ponto final. São estas, em verso, corrigidas, desconforme a prova da Conferência Episcopal Portuguesa, as palavras do credo niceno-constantinopolitano, palavras que nunca te direi, mas que inflamam o meu silêncio.
Creio em um só deus, pai todo-poderoso,
criador do céu e da terra,
de todas as coisas visíveis e invisíveis.
Creio em um só senhor, Jesus Cristo,
filho unigénito de deus,
nascido do pai antes de todos os séculos:
deus de deus, luz da luz,
deus verdadeiro de deus verdadeiro;
gerado, não criado, consubstancial ao pai.
Por ele todas as coisas foram feitas.
E por nós, homens, e para nossa salvação
desceu dos céus.
E encarnou pelo espírito santo,
no seio da virgem Maria,
e se fez homem.
Também por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos;
padeceu e foi sepultado.
Ressuscitou ao terceiro dia,
conforme as escrituras;
e subiu aos céus, onde está sentado à direita do pai.
De novo há-de vir em sua glória
para julgar os vivos e os mortos;
e o seu reino não terá fim.
Creio no espírito santo, senhor que dá a vida,
e procede do pai e do filho;
e com o pai e o filho
é adorado e glorificado:
ele que falou pelos profetas.
Creio na igreja una, santa, católica e apostólica.
Professo um só baptismo para a remissão dos pecados.
E espero a ressurreição dos mortos
e vida do mundo que há-de vir. Amén. Dito isto, ele riu-se. E continuou a andar. Sozinho. Ciente que, no que às divindades respeita, mais vale andar só do que mal acompanhado. Segismundo.