Outro caso mental. O senhor Prof. Doutor João Carlos Espada decidiu evocar e citar Isaiah Berlin, para quem a liberdade não admitia qualificador. Liberdade é liberdade, não é liberdade xis ou liberdade ípsilon. Mas o insigne plumitivo, superior a estas lições, para além de dizer que concorda com Berlin, atestou a sua última crónica, publicada no suplemento «Actual» do Expresso, com este título: liberdade tranquila. De modo mais detalhado, a criatura verteu num parágrafo a seguinte prosa: “gostaria de observar que esse entendimento da liberdade como usufruto de modos de vida descentralizados é intrinsecamente inglês. Isaiah Berlin foi, no século XX, outro dos seus grandes teorizadores. Ele indignava-se genuinamente quando à liberdade era acrescentado um adjectivo: burguesa, ou proletária, ou progressista, ou reaccionária. Liberdade é liberdade, repetia o velho Isaiah”. Não há manifestação da vénia de acordo, mas ela transpira do discurso. Encerrado este parágrafo, o fulano inicia outro, assim: “esta liberdade inglesa, tranquila e não activista”... Porque liberdade é liberdade, apenas e só, mas é também inglesa, tranquila e não activista e não de qualquer outra raça. Nicky Florentino.