Fardos de perseguição. O transporte de livros e discos de uma reserva doméstica para outra é motivo de perplexidade para ele. Por um lado, sobressalta-o o volume obsceno da mercadoria a carregar e a descarregar, o número de viagens a fazer para depositar a cultura no novo destino. Por outro lado, quase tudo lido e tudo ouvido, perante o cúmulo, percebeu ele o motivo de tanto tempo furtado ao sono, desperdiçado em leituras e audições, quando bastaria estar diante de um televisor ligado, a jogar matraquilhos ou a fazer tocar campaínhas e fugir. O efeito ilustrador não haveria de ser tão diferente e o processo teria a vantagem de não deixar rasto para além do corpo. Seria uma solidão despojada, sem indícios, indolente. Segismundo.