A democracia como máximo possível de amoralidade. Segundo Niklas Luhmann, a democracia corresponde à bifurcação do topo do sistema político diferenciado, resultante da distinção entre governo e oposição. Neste sentido, em termos estritamente políticos, o facto de a oposição ser frouxa ou carente de trambelho não constitui problema. Ao institucionalizar-se a dualidade governo-oposição, o sistema político tem condições de programar-se para as contingências e de operar em regime auto-suficiente. O que significa que, mesmo quando a oposição mais não é do que uma plataforma de espera de uma determinada seita sequiosa pelos despojos públicos, a ordem democrática ultrapassa a improbabilidade da sua condição e resiste. É pouco. Mas é provavelmente o que a democracia, no que é, é cada vez mais. Nicky Florentino.