A besta nunca do outro lado do espelho. A reforma do Estado é o Estado a reformar-se. Em imagem, a coisa é equivalente a uma besta a coçar-se e a descobrir em si partes que não suspeitava ter ou sustentar. Posto isto, por ora não é relevante saber se, de facto, o Estado está na senda da própria reforma. Isso é mistério de outra ordem. Relevante, no instante, é o Estado, por necessidade, mostrar-se ao povo. E, pela sua exibição, estimular a consciência gentia do tamanho da besta que é e da inutilidade de algumas das suas parcelas. O caso só não é para susto, susto grande, porque o povo vive infundido na ilusão de que o Estado é uma besta mansa. Mas desde quando e em que natureza é que uma besta se domestica a si mesma? Nicky Florentino.