Auto do que foi uma caminhada. O caso começou por ser um gesto de simpatia. Mas depois de sentar-se ao seu lado, para ser levada à boleia, ela benzeu-se. Ele procurou sondar os motivos daquele acto. Ela explicou-lhe que, para além de ser hábito seu, aquele sinal garantia-lhe a intercessão da divina providência, mistério que se encarregaria de a transportar em segurança até ao destino pretendido. Disse isto com encharcada convicção. Se assim era, ele decidiu esperar para confirmar. Quando demorada começou a ser a espera, quis a supersticiosa saber o motivo por que não arrancava ele com o carro. Ele disse-lhe que esperava deus, por, presumira das palavras dela, ser não apenas combustível mais económico mas também melhor piloto. Como deus não chegou entretanto e a noite já se prenunciava no horizonte, ela acabou por decidir ir a pé. Entregou-se às suas pernas e foi. Pelo caminho, entretida a debitar o rosário, sofreu uma entorse. E tombou. O Marquês.