A ironia para além do signo de Bourdieu. Não obstante a violência simbólica implique um combate corporal, esse combate não é necessariamente mais corpo a corpo do que interior. A devolução que, pela relação com os outros e as coisas, alguém logra dentro de si é condição de três falculdades necessárias ao juízo, a distância, a diferenciação e a articulação. E desse complexo de faculdades decorre a hipótese de alguém suspeitar e rir. Tanto de si quanto dos outros. Aliás, sob este entendimento, é provável que não exista o que está para além da hipótese de riso. Em qualquer momento, os limites, os tabus, os produtos de qualquer sagração são consequência da inércia e da histerese num determinado espaço, por um lado, e da posição, do lugar que cada um tem nesse espaço, por outro lado. São consequências contingentes, portanto, convenções. Neste sentido, a vida é sobretudo um problema de domínio - auto-domínio, se se preferir - e de coordenadas. O que significa liberdade. E pândega, desde a paródia à estúrdia. O que sobeja é tensão ante mortem. E com ela, entre mansos e assanhados, há também que viver. Que se foda. Segismundo.