Ubi bene, ibi patria. Nenhum nome colectivo é mais do que o que a ficção permite. O rótulo Portugal é um modo de imaginar um rectângulo e respectivas fauna e paisagem. Ou seja, Portugal, enquanto categoria imaginativa e imaginada, tende a iludir os portugueses, no sentido em que, embora existindo menos do que eles, parece existir sobre eles e para além deles. Pelo que a invocação comicieira da pátria, sob os mais diversos epítetos, é apenas uma outra forma de arrebanhar artificial e simbolicamente os portugueses no seu chão. Que é o mesmo que dizer sem elegância, enganar os incautos autóctones, indiferenciando-os. A eleição do senhor presidente da República nutre-se necessariamente deste engano. E, assim, por engano, Portugal (r)existe durante mais algum tempo. Não é redenção. Não é destino. É inércia. Até que dure o conforto do engano. Nicky Florentino.