Sinistrofilia. Autêntico, ele parecia uma personagem de Ballard. Mais do que ninguém, padecia quando as circunstância - o desconhecimento das ocorrências ou a distância, sobretudo - não lhe permitiam gozar a contemplação dos destroços, imaginar in loco o roteiro de dor que lhes estava subjacente. Para obviar a tais circunstâncias, ele ofereceu-se para ser bombeiro voluntário na corporação local. Não pelo propósito de atender ou salvar vidas em risco. Esse motivo jamais lhe pareceu meritório. Mas porque, para além de se deslocar em viatura provida de rotativo e sirene - sinais que anunciam e orientam para a tragédia -, quem presta os primeiros-socorros tende a alcançar o cenário dos acidentes quando o sangue é de derrame fresco e os vagidos das vítimas, como litania de sofridos, ainda se ouvem. O Marquês.