Sexta-feira treze. Intensificam-se os indícios de que, caso venha a ser alcandorado na honra de senhor presidente da República, o senhor Prof. Doutor Aníbal Cavaco Silva deixar-se-á embalar pela gula da sua boa vontade. Pelo manifesto, o fulano deseja ardentemente não apenas o bem da pátria mas também ser ele o instrumento, a mão do resgate desse bem. Esta abençoada mania salvífica não é bom augúrio. Não é bom augúrio por princípio e agrava-se na circunstância. Porque também encharcado dessa mania e eleitoralmente mandatado ao abrigo dela existe já o senhor eng.º José Pinto de Sousa. Era suposto que esta eventualidade fosse acautelada pelo trambelho e que nisso das coisas do Estado houvesse uma distribuição inequívoca das missões emprestadas a cada criatura. Ou, no mínimo, que houvesse uma regra que permitisse arbitrar as contingências deste tipo. A regra da precedência, por exemplo. Quem chega primeiro amanha a leira, quem chega depois espeta a cana para a flor. Pois, se assim não for, é possível e provável a bronca. Em Portugal mais ainda. O que não é necessariamente mau. Entre outros motivos porque, aleluia e louvada república!, não são poucos os que se entretêm alacremente com o folclore da desdita da pátria. E alguns até jogam o seu jogo. O