E vice-versa. O José contestou os de fraca paciência em relação à actual campanha eleitoral, identificou motivos de interesse no que concerne à eleição subjacente e até suscitou incógnitas inéditas. Uma delas, por exemplo, está associada à interrogação: qual será a reacção do senhor primeiro-ministro a “um [senhor] presidente [da República] com forte legitimidade política, em particular se for eleito à primeira volta”? Sim, qual? Esta incógnita, como afirmada pelo José, tem piada. E tem piada porque, conforme expressa, codifica o senhor Prof. Doutor Aníbal Cavaco Silva, em senhor presidente da República, como variável independente e o senhor eng.º José Pinto de Sousa, enquanto senhor primeiro-ministro, como variável dependente. A luminária, o teso, firme e hirto, aquele, e o desgraçado, o mole, circunstancial e dúctil, este. É no mínimo curioso que o José não se tenha interrogado também, em razão do interesse da eleição presidencial prometida para o próximo dia vinteedois, como é que o próximo senhor presidente da República, mesmo que insuflado de um suplemento circunstancial de legitimidade política, conviverá como o senhor primeiro-ministro, cabecilha da seita a quem compete governar - reitere-se, a quem compete governar - a pátria. O que é que isso interessa?, não é? Os indícios permitem estimar que o senhor Prof. Doutor Aníbal Cavaco Silva terá dificuldade em conformar os seus actos ao hábito institucional que provavelmente irá envergar. Pelo que neste momento o que surge como estimulante e interessante não é prospectivar as manobras que o próximo senhor presidente da República irá ensaiar com o fito de suscitar o bom governo da pátria, mas, ao invés, perceber as artes pelas quais o senhor primeiro-ministro conseguirá remeter o chefe de Estado, em caso de desmando coreográfico, à sua condição convencional e ornamental - leia-se: constitucional. Porque a garraida circense, essa, desgraça, parece que é certa e para continuar. Até ao fim. Da paciência. Nicky Florentino.