Da vidência. Quando alguém regressa da cegueira, quando os seus olhos tornam a perscrutar para além do apagamento ou da translucidez, a estranheza não é a revelação das coisas, a sua iluminação e a sua definição, mas o desaparecimento da memória que se teve dessas mesmas coisas durante o intervalo em que os olhos foram como um diafragma fechado ou baços. Então, sem a evidência, não alcançadas, como se sentiam, as coisas pareciam mais nítidas. E pareciam sempre novas, de ontem. A ele aconteceu este desvio à célebre alegoria platónica. Foi ontem que os seus olhos voltaram a resgatar o respectivo sentido. Fechando-se. Para ver outra vez. Segismundo.