Campanha alegre rasa. Parte significativa do corso político animado por ocasião de qualquer campanha eleitoral justifica-se sobretudo pela ânsia folclórica associada à circunstância e não tanto pelo trambelho. É que um dos propósitos maiores das manobras de galopinagem é a produção de um efeito efervescente que active ou intensifique a sensação de proximidade de uma eleição. Entre outros motivos porque é sob o efeito de tal efervescência que se (consegue) confirma(r) a ilusão da soberania popular tão celebrada pela propaganda democrática. Isso mesmo tem sido particularmente evidente agora, quando os senhores candidatos à honra de senhor presidente da República, acompanhados pela respectiva horda de acólitos e pelos repórteres em serviço, se arrastam ostensivamente por ruas e mercados, numa acção que visa iludir a distância existente entre os tais senhores candidatos e os gentios. A versão macabra deste fenómeno, materializada na passagem de um cortejo de campanha eleitoral por um cemitério, é apenas a sua superlativa e rasta evidência.
Nicky Florentino.