aO Marquês
À sétima de mais de mil noites. Contou-se assim, conforme paráfrase adiante. O rapaz perseguiu a respectiva consorte, prima sua, e constatou-a com um amante negro possante. Depois, sobre esse, o tal amante, tomado pela fúria de traído, o rapaz desferiu um golpe de espada, porém não suficiente para ser mortal. Soube a adúltera desse acto entre a vingança e o resgate da honra e sobre o seu marido lançou um feitiço. Ficou o desgraçado do umbigo para baixo feito em mármore, preservando do umbigo para cima a carne e a forma que tinha. Sem mobilidade, o rapaz tornou-se vítima. Todos os dias, por sugestão do amante sobrevivente, a viciosa despia-lhe a camisa, assestava-lhe cem vezes o látego sobre as costas e tornava a vesti-lo. Foi este martirizado rapaz que, ao rei que pretendia deslindar o mistério do lago com peixes de quatro cores, amarelo, azul, branco e vermelho, disse isto, “- Sabe, ó senhor, que a história dos peixes é uma coisa tão extraordinária que, se se escrevesse com uma agulha no ângulo interior do olho, a fim de que todo o mundo a visse, seria uma grande lição para o observador cuidadoso”. Segismundo.