Para que serve um senhor presidente da República em Portugal? Diz-se que o regime pátrio é semi-presidencialista. Se é, é pouco. E é tão pouco semi quão pouco é presidencialista. Quase nada adianta recordar que alguém já ensaiou um reporte analítico para o caso, forjando a expressão presidencialismo de primeiro-ministro. Na sua configuração estritamente política, o problema é de outra ordem e condensa-se numa diferença, a diferença entre o que faz e o que pode fazer o senhor presidente da República. Faz o que faz, mas pode fazer mais, muito mais. É por isso que, para além da emigração e do suicídio, na circunstância não há solução política para a desgraça vivida, apenas paliativos. Do tipo abstenção. Ou do tipo abstenção fingida inteligente, sob a forma de voto em branco. Porque a desdita da pátria, timbrada a ferro no sangue luso, é certa. E dela não há manobra evasiva que valha. Nicky Florentino.