Self espectro. Na fuga de si, ao abandonar-se, o que alguém logra é perseguir-se, sem sair de si. É por isso que a emancipação, no mínimo fio que não é ilusão, é um exercício genealógico, prospecção de fundo. E no fundo há-de encontrar-se o que para lá se levou. Nem mais nem menos. Aliás, alguém olhar-se ao espelho surte o mesmo efeito de auto-preenchimento. O fundo é o reflexo da superfície. Não o contrário. E, como surge óbvio, não há saída desse domínio, desse fechamento. Pois acontece que, como em qualquer círculo - qualquer círculo implica uma circunferência, uma linha íntegra e permanentemente rodada em equidistância sobre um mesmo ponto, o centro -, não há a hipótese de alguém se abrir sem, nesse acto, não se destruir. Não há outra dimensão, não há exterior. Há apenas distância narrativa. E é por aí, sob encerramento, sob estabelecimento, a máxima distância possível que alguém consegue em relação a si-mesmo. E aos outros. O resto são vozes insones. Os demónios do costume. Segismundo.