A viciosa. No cerco ela era conhecida por dois nomes, filha da senhora e, a outra hipótese, menina. Fora criada conforme as regras da sua brasonada condição. Ainda noviça, foi acompanhada por uma perceptora que teve a missão de fazer mulheres as três últimas gerações da prole feminina da família. Era sua missão ilustrar-lhe a alma das artes próprias de fêmea, ensinar-lhe o hábito da temência ao todo-poderoso e vigiar-lhe a integridade. Não se sabe quando e onde, que circunstâncias e demónios, lhe despertaram o corpo para a viciosidade. Em segredo, a moça entregava-se à virilidade de quantos rapazes e homens a oportunidade, não tanto a discrição, lhe permitia. Numa ocasião, porém, maior foi o descuido e o falatório começou a estender-se. Sem conhecimento do que já se dizia, a mãe iniciou uma preocupada vigilância sobre a filha, cada vez mais mulher, em corpo, ideias e manias. Aconteceu que, com tal roda, um dia a mãe a surpreendeu em flagrante, nela cravada a varonil carne do filho da maior autoridade do lugar. A mãe, insigne beata, colapsou, vítima de apoplexia e vergonha. Sim!, sou eu!, minha mãe!, gritou ela, quando a mãe avançou pelos aposentos dentro, incrédula e de olhos arregalados para melhor confirmar a desdita. A velha tombou, cerce. E a filha, tomada de espasmos, riu, riu, prendendo ainda mais em si, orgulhosa, empinada em gozo suplementar, o motivo que fez a sua mãe cair. O Marquês.