Sonho com mariposa. Raramente os sonhos lhe acontecem com resolução suficiente para lhe serem memória em acordado. Esta noite, porém, aconteceu-lhe um desses sonhos nítidos, como se fosse vida. Alguém o chamou. Meu menino, disse. Sorriu-lhe. Passou-lhe a mão pela face, acabando, em modo mais do que maternal, a segurar-lhe o queixo. Olhou-o. Perguntou-lhe se queria uma limonada. Ele aceitou. Bebeu, deliciado, a limonada. Quem o chamou continuava a sorrir para ele, como se lhe guardasse o gesto. Por instantes, ele concentrou os olhos no copo. Quando tornou a olhar para quem lhe sorria, para agradecer a limonada, viu apenas uma borboleta branca, numa coreografia de espanto, como se estivesse a fazer-lhe sinais, como se o estivesse a conduzir. Ele começou a chorar, mortificado por uma sensação de atraso inultrapassável. Foi quando acordou. Segismundo.