Hobbes já não existe. A banalização da manifestação enquanto modo de expressão é sintomática de um ror de males políticos. Quando as instituições, nos seus ritmos ritualizados, não funcionam ou funcionam intempestivamente muitas das afirmações ou tomadas de posição são transportadas para a rua, transformando todos os chãos em palco de uma novela, sofregamente explorada pelos media, em particular pelas televisões. Na prática, os poderes são cada vez mais impotentes. E o Estado, que não é Estado, é cada vez mais uma espécie de personagem fandanga. Sem rei. E sem rock. E o povo, esse, que nunca foi povo, revela-se alacremente turba. Em política, é isto a tragédia. Nicky Florentino.