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Albergue dos danados

Blog de maus e mal-dizer 

2005-08-23


Sociedade anónima. Foucault já dissertou sobre o fenómeno com sagacidade e elegância analítica de sobejo. Um dos elementos constitutivos da grei, mais do que a lei e a sua operação, é a informação com origem indefinida que circula gratuita e difusamente entre os indivíduos. É um facto que, em última instância, nada garante a veracidade dessa informação. Muitas vezes tal informação estriba e nutre mitos, mentiras ou cabalas. Porém, grosso modo, essa informação é o resultado de um acumulado não intencional de testemunhos singulares. Na prática, cada um, na sua individualidade, empresta a voz para produzir um efeito deep throat alargado, não passível de ser remetido a um autor particular. O que alguém viu ou ouviu num acontecer público ou privado, o que alguém viu ou ouviu num restaurante, o que alguém viu ou ouviu num hotel, o que alguém viu ou ouviu numa rua são fontes que reportam realidade, arquivadas e distribuídas numa lógica reticular, sem centro. São estes diversos testemunhos anónimos e não monopolizáveis ou controláveis - não é plausível a materialização de uma agência central que seja capaz de produzir e processar este tipo de informação - que acabam por revelar uma espécie de padrão em determinados factos e denunciar realidades que se pretendiam ocultas. Daí que que os segredos sejam difíceis de produzir e preservar. A articulação comunitária do conjunto dos sentidos de cada um, designadamente a visão e a audição, produz uma imagem quase invisível e um murmúrio quase inaudível, dispositivos sociais com uma extraordinária eficácia e eficiência. É por isso que jogar às escondidas, verdadeiramente, é não jogar esse jogo. A sociedade é um universo de pequenas irmãs e irmãos que nos vigiam e escutam. Small sisters and brothers are watching and listening you é o slogan orwelliano latente das composições sociais modernas. Neste sentido, não surpreende, pois, que muitos dos processos sociais, ainda que improváveis, sejam quase auto-regulados. A lei é um acaso, um limite. Opera apenas, quando e nos modos em que é operada, em situações extraordinárias. Porque, por defeito, qualquer indivíduo é um vigilante anónimo. É aí que começa o princípio da disciplina e da sujeição. É aí que começam os sujeitos. O que faz com que qualquer juiz togado seja um guardião da hipocrisia colectiva celebrada numa determinada publicidade. Indiferente a este plano, na sociedade anónima observam-se e auscultam-se discretamente as intimidades, as reservas. E vê-se e ouve-se mais do que quem protagoniza os gestos íntimos ou reservados tem propensão a admitir e julgar. Mau juízo. Segismundo.


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