Stairway to heaven. Ele, o homem que odiava elevadores, era um pedreiro, dos verdadeiros, sem as manias dos que se dizem em Francês, os maçons. Todos aqueles que o conheciam gabavam-lhe a competência. Todos aqueles que dele necessitavam disputam-no. Nascera para erguer paredes. Muros. Nascera para fazer casas. Obras. Era a melhor das mãos, a fazer e a aplicar a massa, a utilizar o fio-de-prumo e o nível de bolha-de-ar. Foi o sujeito que mais rápido ascendeu de servente a mestre. Demorou três dias. Menos tempo do que aquele que deus demorou a montar o mundo, porque um dos dias que mediou entre o seu início na arte e a sua ascensão a pedreiro classe gold foi feriado de ir à missa - portanto, foi um dia que não conta na contabilidade dos dias. Embora o seu jeito profissional lhe valesse tanto no enchimento de alicerces quanto na postura de telhados, tanto no bruto quanto no reboco ou nos acabamentos, era a fazer escadas que o dito pedreiro mais se aplicava e investia perfeccionismo. Entre outras manias que vêm com o tempo, Nicolau - assim se chamava o dito fulano - fazia escadas com degraus de altura assimétrica. Porque, veio a saber-se mais tarde, ele gostava de observar as velhotas arroja-chinelo a precipitarem-se pelas escadas abaixo, até encontrarem chão fixo. O lugar onde vinteesete delas, avémariacheiadegraçaosenhoréconvoscoetcetera, chegaram já carcaça, cadáver. O Marquês.