<body><script type="text/javascript"> function setAttributeOnload(object, attribute, val) { if(window.addEventListener) { window.addEventListener('load', function(){ object[attribute] = val; }, false); } else { window.attachEvent('onload', function(){ object[attribute] = val; }); } } </script> <div id="navbar-iframe-container"></div> <script type="text/javascript" src="https://apis.google.com/js/platform.js"></script> <script type="text/javascript"> gapi.load("gapi.iframes:gapi.iframes.style.bubble", function() { if (gapi.iframes && gapi.iframes.getContext) { gapi.iframes.getContext().openChild({ url: 'https://www.blogger.com/navbar.g?targetBlogID\x3d5515885\x26blogName\x3dAlbergue+dos+danados\x26publishMode\x3dPUBLISH_MODE_BLOGSPOT\x26navbarType\x3dBLUE\x26layoutType\x3dCLASSIC\x26searchRoot\x3dhttps://alberguedosdanados.blogspot.com/search\x26blogLocale\x3dpt_PT\x26v\x3d2\x26homepageUrl\x3dhttp://alberguedosdanados.blogspot.com/\x26vt\x3d-7878673483950887896', where: document.getElementById("navbar-iframe-container"), id: "navbar-iframe" }); } }); </script>
Albergue dos danados

Blog de maus e mal-dizer 

2005-07-13


The sheltering sky. Um viajante não tem olhares. Lá fora a cidade era branca. We can be heroes. Era uma certeza. Poderia correr demorado e soturno o tempo que haveria de continuar branca a cidade. Nada, fosse o horizonte carminlíneo do fim da tarde, fosse a negritude da noite, poderia roubar-lhe a alvura. We can be heroes. Nada. Do chão saíam sons e cheiros inexprimíveis, abertos, rasgados pelo calor. Ao mesmo tempo crescia uma sensação de distância em relação a esses sons e cheiros. Não havia vitrinas, não havia biombos, mas era como se algo, inefável, indizível, talvez um véu de celofane, talvez um lençol, afastasse tudo e, ali, naquela sala, se guardasse um cerco simultaneamente fraco e protector, retiro do mundo. We can be heroes. Repete-se a chávena oferecida pelas mesmas mãos encardidas. O chá, nunca morno, queima. Acentua-se o efeito de banda desenhada. A cena. As personagens. As paredes brancas começam a amarelecer. Parece película de um filme antigo. Os sentidos agudizam-se. O corpo, pelo perfume das especiarias espalhadas sobre o soalho, faz-se inebriado. Lá fora a cidade era branca. We can be heroes. Ainda é?, a dúvida. A madeira lateja. Aberta a janela, todos os elementos parecem comungar o tom ocre do chão. Os muros, antes caiados de branco, adquiriram uma nitidez granulada de daguerreótipo. Vultos, espectros, sombras, balidos desfazem a perfeição da paisagem. Cresce um ritmo indefinido, desencontrado. O tempo parece refluir contra o corpo. We can be heroes. Sobe a lassidão, mas não a dormência. Um nome e uma face aumentam e enchem a lembrança. Conquistam o momento. Os velhos, companheiros de circunstância, riem. Subsiste o nome e a face. Os cheiros intensificam-se. Parecem impregnar-se, fundindo-se na carne. Um dos velhos diz algo. Não compreensível. Parece amigável. Esboça um sorriso. Ao mesmo tempo esfrega pétalas secas nas mãos. Torna a encher a chávena e a oferecê-la. We can be heroes. O chá fervente parece uma lâmina romba a cortar por dentro. Mais suor. Mas depois arrefece. Mais lembranças, in slide. O mesmo nome. A mesma face. Lágrimas. O ar congestionado de fumo e vapor torna-se irrespirável. We can be heroes. As vozes amortecidas. Os gestos cheios e languidamente distorcidos. A luz envelhecida em amarelo seco, torrado, quando o sol ainda ilumina claro e bruto. O cheiro disfarçado de uma flor. Quase aroma de anis. A vontade de encher o peito de ar fresco, de respirar todas as ausências. We can be heroes. Lá fora a cidade era branca. Just for one day. Mas já não é. Um viajante não tem olhares. We can be heroes. Amanhã não há regresso. Começa a volta. E lá fora, a deus, a cidade tornará a ser branca. Um viajante não tem olhares. Just for one day. Um viajante não tem olhares. Just for one day. Um viajante não tem olhares certos. Segismundo.


Enviar um comentário

2003/2024 - danados (personagens compostas e sofridas por © Sérgio Faria).