O novo martírio do filho da mãe. O problema não é o trabalho. O trabalho não assusta. Também não é necessariamente o exercício de realização humana que pretendia o desgraçado do Marx. O trabalho é o que é. Mas pior do que o trabalho é andar
em casa do caralho mais velho atrás do sol posto, para lá do limiar até onde se fala Português, a fazer coisas que jamais assomaram à lembrança do menino Jesus. Claro que, por si, isto não é a puta da vida porque é a puta da vida. É a puta da vida porque houve um tempo em que a maior preocupação era conceber o modo de alinhar os carros da
matchbox, de um lado, e os carros da
majorette, de outro lado, na longa marquise com pavimento grená. Ou tentar esconder a flor partida pelo futebol violento, mano a mano, que se praticava lá, na mesma marquise. O único problema sem solução eram os vidros partidos. Mas era para resolver esses problemas que existia a mãe. Hoje a mesma mãe propõe missões que roçam o inadmissível. É a vingança. E a supliciante e dolorosa aprendizagem de que a maternidade tem um segundo tempo. O tempo da exploração afectiva. Junto da qual, em comparação, a exploração capitalista é uma mera brincadeira de cachopos que não transportam no bolso um lenço para se assoarem.
Segismundo.