A crise cansa. Velar pelo regular funcionamento das instituições é missão do senhor dr. Jorge Sampaio, fulano circunstancialmente emprestado à honra de senhor presidente da República. Mas o senhor dr. Jorge Sampaio é o que é. Nem mais, nem menos. Um contentenente que chora e fala. E que padece de achamentos. Como, por exemplo, o achamento de que falar sobre a crise a tende a agravar. A natureza é assim. Para remediar o caso, que venham, pois, as milícias, evoluindo de uma ponta da rua. E os manifestantes em coreografias fandangas, evoluindo do outro cabo. Ao centro, encontrem-se e inicie-se uma sessão com um único ponto na ordem de trabalhos. Falar, falar, falar, ad nauseum, sobre a crise. Mas em silêncio. Depois dispersar, cada personagem com a respectiva cauda entre as pernas. E ir para casa. Ou abalar de férias. A crise cansa. É esse o consenso. E a puta da vida é mais do que ter que aturar as oscilações de humor do senhor maioral da pátria. Nicky Florentino.