Se o Estado é um círculo. Em tese, descentralizar é uma boa opção. Aproximar os processos de decisão das criaturas que são directamente afectadas permite ganhos de vária ordem, desde a comunicação à responsabilização, com consequências ao nível da eficácia e da eficiência da acção política e da administração pública. Em Portugal, porém, considerada a ecologia da pátria, tal tese assusta. Fundamentalmente por dois motivos. A escala de referência da acção - e para a descentralização - é uma escala paroquial, o que tende a (re)produzir tanto a pequenez de horizontes quanto a autarcia das unidades territorais. E, a par, localmente o tipo de cultura política dominante é a cultura de subjugação e não a cultura cívica. É por isso que, por cá, descentralizar é sinónimo de desgraça. Desgraça tanto maior quanto desgraçado e mau é o jacobinismo daquilo a que se chama Estado e quanto servil e de conveniências é a dita sociedade civil. Nicky Florentino.