Jesualdo, o herói que nunca mais voltou. Há muitos, muitos anos, a um tal Jesualdo, carpinteiro de mãos e por ofício herdado, aconteceu-lhe um dia, em razão das suas afirmadas manias, ser cravado numa trave, padecer, perecer e ser sepultado. Passadas poucas luas, o cadáver ressuscitou. Ninguém testemunhou a ocorrência, mas a carcaça animada saiu do túmulo onde, em mortalha, havia sido posta para o seu eviterno e sepulcral descanso. Depois, diz-se, demandou Jesualdo, ressuscitado, uma vassoura. Serviu-lhe a primeira que encontrou. Colocou-a entre as pernas, como se montasse um pégaso, e, sobre ela, voou para o céu, já domicílio de um dos que se proclamava seu pai. Houve olhos, olhos de gente que já não vê, que viram essa ascenção. E esse foi o último dia em que Jesualdo foi visto. Desde então não voltou a ser observado, fosse com os pés sobre a terra, fosse com a cabeça entre as nuvens. O que significa que, entre os vivos, cada vez mais o seu nome é invocado em vão. É isso que dói. O Marquês.