<body><script type="text/javascript"> function setAttributeOnload(object, attribute, val) { if(window.addEventListener) { window.addEventListener('load', function(){ object[attribute] = val; }, false); } else { window.attachEvent('onload', function(){ object[attribute] = val; }); } } </script> <div id="navbar-iframe-container"></div> <script type="text/javascript" src="https://apis.google.com/js/platform.js"></script> <script type="text/javascript"> gapi.load("gapi.iframes:gapi.iframes.style.bubble", function() { if (gapi.iframes && gapi.iframes.getContext) { gapi.iframes.getContext().openChild({ url: 'https://www.blogger.com/navbar.g?targetBlogID\x3d5515885\x26blogName\x3dAlbergue+dos+danados\x26publishMode\x3dPUBLISH_MODE_BLOGSPOT\x26navbarType\x3dBLUE\x26layoutType\x3dCLASSIC\x26searchRoot\x3dhttps://alberguedosdanados.blogspot.com/search\x26blogLocale\x3dpt_PT\x26v\x3d2\x26homepageUrl\x3dhttp://alberguedosdanados.blogspot.com/\x26vt\x3d-7878673483950887896', where: document.getElementById("navbar-iframe-container"), id: "navbar-iframe" }); } }); </script>
Albergue dos danados

Blog de maus e mal-dizer 

2005-04-20


Perdição. Ele acordou e nesse instante já se sentiu perdido. Tinha o corpo tatuado a frio por destroços e nenhuma memória. Quem sou?, foi o que perguntou. Pode parecer estranho, mas a primeira coordenada que alguém procura quando se sente perdido é a respectiva identidade. Quem sou?, continuou ele a interrogar-se sem encontrar resposta. Ainda sob esta interrogação, levantou-se e estendeu os braços. Procurou no corpo sinais de si. Percebeu as cicatrizes. Porém, ainda antes de, por elas, conseguir saber quem era, surgiu-lhe outra interrogação, onde estou? Enunciada esta pergunta, com os olhos perscrutou o cerco. Depois avançou em direcção às paredes. Tacteou-as. Tacteou a porta também. Abriu-a. Saiu daquele compartimento e foi em busca de si. Ao sétimo passo deparou-se com outro. Perguntou-lhe, quem sou? O outro nada respondeu. Acometido de um impulso, de uma veneta, ele agrediu-o. Avançada a agressão, estrangulou-o e apreciou a sensação que esse gesto lhe proporcionava. Continuou a pressionar os polegares sobre a traqueia do outros mas, por estar ele já cadáver, deixou ele de sentir o agrado que sentira antes. Entretanto, na sua cabeça, alternadamente, continuavam a ressoar duas interrogações, quem sou?, onde estou? Por isso, esgotado o prazer daquele instante, avançou pelo corredor branco. Olhou o próximo outro, aproximou-se dele e, antes de lhe perguntar, quem sou?, precipitou-se sobre o seu pescoço. Enquanto o outro foi resistindo ao estrangulamento, ele tornou a experimentar gozo. Mas a asfixia acabou por vencer. O outro deixou de oferecer resistência. Estou perdido, mas começo a conhecer-me, raciocinou ele. Gosto de sentir a dor e o tormento dos outros, murmurou para si, como se estivesse espantado com tal revelação. E continuou a andar pelo corredor, perseguindo a próxima sombra. Algo, de dentro – afinal, algo havia em si –, lhe sugeria que aquele era o caminho do seu encontro. E assim foi. Preparando já as mãos. O Marquês.


2003/2024 - danados (personagens compostas e sofridas por © Sérgio Faria).