Reencontro. O Zé Vitório já foi revolucionário. Também já foi treinador de futebol. Já viveu com uma ninfomaníaca, até à exaustão. Já se envolveu em confrontos domésticos com um rato e com formigas. Uma constante na identidade do Zé Vitório, portanto, é o seu carácter aventureiro. Uma outra prova desse facto. Lá na terra da raia, tinha ele pouco entrado nos trinta, andou envolvido com uma moça com metade do seu tempo, dezasseis anos ou perto. Houve dois motivos para isso. A rapariga era de carnes que convidavam e, não menos determinante, filha de um agente da PSP que, vá lá saber-se porquê, não tinha boa impressão dele. Há pouco tempo, quiseram as circunstâncias e as burocracias da puta da vida, tornaram a encontrar-se. Que agora estava metida na indústria farmacêutica, a trabalhar com reagentes, disse-lhe ela. E que, há uns tempos atrás, quando atravessava a ponte de San Francisco, se recordara demoradamente dele e das conversas que com ele mantera sobre a imensão de alguns lugares do mundo. Lembras-te dessas conversas?, perguntou-lhe ela. O Zé Vitório, que já não tinha tido paciência para indagar o que eram isso os reagentes, mentiu na resposta, pois claro, e mereceu um sorriso. Segismundo.