Maternidade, ii. As mães fazem o que devem e o que não devem para celebrar os filhos. Hoje, ao contrário do que é instituição lá em casa, a mãe dele foi acordá-lo para almoçar. Sabes que dia é hoje?, perguntou-lhe, quase severa. E, como não esperasse ou quisesse qualquer resposta, informou-o de imediato, em tom de repreensão, é o aniversário do teu irmão. Para ele o facto não era novidade. Tão pouco mobilizador. Já estava agendado o jantar com o irmão. Por isso, rodou o corpo e fechou-se do outro lado da cama, procurando ainda a sobra do conforto do sono. Foi aí que a mãe, estremosa e confiante, utilizou o derradeiro trunfo. Sabes?, há pudim, pudim daquele. E os teus sobrinhos, todos, vêm almoçar. Por isso... Não foi preciso acrescentar o discurso. Porque a mãe havia deixado a porta aberta, o perfume da iguaria já tinha chegado ao quarto e entrado nas narinas dele. Lesto, ele saiu da cama e foi tomar banho. Sentiu que era necessário tomar conta da ocorrência. Antes que a brigada das cinco pequenas bestas devoradoras o fizesse. Segismundo.