Capacho assado no forno. Após uma inundação na parte comum do prédio provocada por ele, o Zé Vitório decidiu secar o tapete da vizinha, tapete que, com a ocorrência, havia ficado encharcado. O forno do fogão pareceu-lhe a sede adequada para tal missão. E lá colocou ele o tapete brevemente escorrido. O processo de secagem parecia estar a surtir efeito, conforme desejado. Entretanto, ouviu ele alarido lá fora. Tratou de ir averiguar. Abriu a porta e constatou que a vizinha havia convocado o administrador do condomínio para lhe dar conta do furto do tapete da porta de entrada de sua casa. O Zé Vitório, rapaz avesso a equívocos, lá tratou de explicar o que havia sucedido. Que as torneiras eram mecanismos exóticos. Que, por isso, havia acontecido ali uma inundação qualquer, com dois ou três centímetros de água a cobrir o chão. E que tinha ele resgatado o referido tapete, com o objectivo, primeiro, de o secar e, depois, devolver à procedência. A vizinha ficou agradecida pela decisão e pelo consequente gesto do Zé Vitório e, para demonstrar recíproca simpatia, entabulou extensa conversa com ele. Começava já o Zé Vitório a ficar enfadado com o diálogo, mas sem motivo ou coragem para o terminar, quando lhe cheirou a esturro. Segismundo.