Porque a democracia é para ser uma ordem de banda larga. Escreveu o Ivan, “a política é uma questão de escolhas”. Pode ser que sim. É por isso que, admitindo tal concepção, politicamente, as hipóteses de escolha nunca são demais. E o voto em branco é uma delas. Para além disso, é estreito o juízo que assenta o voto branco como uma não escolha. O voto branco pode ser uma escolha. Uma escolha, apesar dos pesares e dos apesares. Para alguns, pelo menos, é-o. Assim como o voto no BE - ou em qualquer outra candidatura - pode ser uma não escolha. Uma cruz de rebanho. Que, pela consolada integração numa comunidade de culpa, serve para, pela partilha do erro, diluir a culpa, aliviar o sentimento de (ir)responsabilidade e imacular a consciência do fulano votante. Sabe-se lá. Daí que, em democracia, o voto seja de cada um. Daí que, apesar de reservado no acto da sua enunciação ou abstenção, o voto seja objecto de uma leitura agregada e pública. Os direitos são assim. Para usar como aprouver ao titular. Ou, então, não são direitos. São instrumentos de coação. Ou de comando. Nicky Florentino.